Acredito que tudo no mundo acontece exatamente da forma como deve ser e, dessa forma que as coisas seguem em minha vida. Sempre foi assim, e espero que continue sendo.
O Trilhas pelo Mundo (TM) estava sendo planejado e idealizado há bastante tempo por outras pessoas, e quando chegou até mim, fiquei completamente encantada! E, não poderia ser diferente, abracei o projeto e comecei a idealizá-lo como se fosse meu. Agora, no fundo, sinto como se realmente fosse! Sempre tive esse olhar voltado para a natureza, sempre senti necessidade de poder ajudar as pessoas e uma vontade crescente de mobilizar e despertar o melhor, de plantar a ‘sementinha do bem’ e ver o mundo florir. Ainda acredito nas pessoas, acredito que as coisas podem mudar – mesmo parecendo meio utópico, mas o projeto reacendeu isso em mim. A meu ver, mesmo que de formas ou com motivações diferentes, nossa equipe se esbarra nessa crença.
Para aproximar a equipe e experimentar um pouco da proposta do TM, efetivamente, escolhemos fazer um trekking durante o Carnaval, como uma espécie de laboratório para ver como a equipe se sairia em contato diário e com condições adversas, como disse a Paty: “Para se conhecer verdadeiramente uma pessoa, ou você dá poder ou viaja com ela” e fundamentamos essa mini-imersão com esse objetivo principal.
Decidimos que sairíamos no domingo às 14h00min, do ponto de encontro de sempre (Centro Educacional 06) local que a equipe se reúne para as saídas há mais de 15 anos, e seguiríamos até o Girassol e de lá, iniciaríamos a aventura que seria até a Cachoeira do Dragão Voador que fica próximo a Pirenópolis – Go.
Uma semana antes do trekking, a Paty avisou que não poderia ir por conta do trabalho, e foi assim que perdi minha companhia feminina. Os preparativos para a imersão estavam a todo vapor, e quando chegou o grande dia, Fernando e eu atrasamos.
Ao chegarmos ao local marcado, descobrimos que mesmo atrasados, éramos os primeiros a chegar. Pouco tempo depois, Philipe chegou e por fim, o Edd. Ficamos brincando com os pesos de nossas mochilas e com as coisas que terminamos deixando de última hora pelo excesso de peso enquanto esperávamos o último companheiro chegar (Seta). Comemos um doce de leite, conferimos a programação, percebemos que o percurso todo seria somente com um GPS de celular porque pela carta topográfica não ia dar certo, enfim… E nada do Seta chegar. Começamos a nos preocupar porque ele não estava mais dando sinal de vida, até que os meninos resolveram ligar para descobrir o que estava acontecendo. E por incrível que pareça, ele confundiu o dia! Demoramos uns 15 minutos para tentar entender essa bagunça de datas, afinal, ele era o mais frenético pelo grupo do Whats. Mesmo sem entender direito, seguimos viagem.
Confesso que estava tão ansiosa que chegamos mais rápido do que eu esperava, e três horas mais atrasados do que o programado. Deixamos o carro guardado na vendinha, compramos uns salgadinhos, umas águas, tiramos a foto pra marcar o início do trekking,- e estávamos prontos pra desbravar a trilha que pra nós era parcialmente desconhecida.
O trecho que conhecíamos foi tranquilo, como de costume. Já a parte que era novidade, foi simplesmente inacreditável! As serras pareciam mais altas e verdes, havia um cavalo lindo que parecia estar querendo chamar nossa atenção.
O sol estava brincando e foi se pondo lentamente, foi um anoitecer regado com muita tranquilidade e, a partir das 20:00 horas, começamos a usar as lanternas. Andamos aproximadamente 19 km em torno de 5 horas, as mochilas estavam muito pesadas e isso atrapalhou bastante no ritmo do grupo. Já estávamos sentindo intensas dores nas costas e ombros. Eu particularmente já sentia meu corpo todo levemente dolorido. Depois de cruzar a ponte sobre o Córrego Sardinha, escolhemos um lugar em cima da serra, onde estávamos mais distantes da estrada e dos formigueiros, montamos o acampamento. Os meninos se encarregaram de fazer a comida e, diga-se de passagem, foi bem elaborada, tivemos arroz com carne seca desfiada e um suco pra fechar com chave de ouro. Antes do jantar ficar pronto, recebemos a visita de uma boiada, que fez um leve alvoroço no nosso acampamento, mas em pouco tempo eles foram embora. Já passava de meia noite quando fomos deitar.
No dia seguinte, tínhamos planos de levantar bem cedo e começar a caminhada com o sol mais ameno, o que não foi possível, pois estávamos cansados e só levantamos por volta das 08h00min. Tomamos um café da manhã bem caprichado, levantamos o acampamento e estávamos prontos para mais um dia. O sol estava bem forte e já não tínhamos água suficiente para passar o dia, resolvemos parar em um riacho que estava pelo caminho. Lavamos as louças, fervemos e cloramos as águas e seguimos rumo a Cocalzinho – GO.
Andamos durante muito tempo, o sol estava escaldante e as serras pareciam intermináveis, estávamos praticamente pingando e sem água. A água que fervemos continuava quente demais para ser consumida. Precisamos fazer uma parada forçada, na verdade, algumas paradas. Philipe já apresentava dores nos joelhos, o meu ombro já estava dolorido e para melhorar comecei a sentir cólica, dor nas costas, nos joelhos e fiquei agoniada com tantas dores e com o calor excessivo. Fernando começou a carregar minha mochila para tentar me ajudar, e realmente ajudou. Paramos rente a estrada e eu cochilei enquanto os outros descasavam.
Voltamos a caminhar e em pouco tempo meu corpo estava exausto, já estava me sentindo desidratada e completamente sem forças para continuar, não avistava uma árvore para podermos descansar e minhas dores nesse embalo pareciam aumentar, até que de forma divina o Fernando encontrou um tanque de ferro, que acreditamos ser para a irrigação de soja e, sem pensar duas vezes fomos conferir se tinha água – foi o nosso “oásis”. Para nossa sorte, tinha água –não muito limpa, porém estava perfeita pra diminuir o calor e, por cerca de uns 20 minutos ficamos ali, praticamente tomando um banho. Como havia bastante sujeira na água, decidimos que não daria para beber nem mesmo fervendo, mas já estava ótimo, conseguíamos continuar. Andamos por mais algum tempo – eu já estava completamente sem noção de horário, meu relógio já havia descarregado, os telefones não tinham bateria.
Adiante encontramos um caminhoneiro que nos deu um pouco de água para tomar e acho que foi a melhor água que tomamos, na temperatura perfeita para saciar a nossa sede. Senti a melhor sensação, voltei pra mim, senti as minhas dores diminuindo e minha força voltando, ufa!! nada como um pouco de água fresca. Caminhamos por mais tempo e encostamos novamente. Dessa vez, parecia mais fresco, comemos e terminei cochilando de novo. Acordei me sentindo ainda melhor, estava pronta para continuar nossa jornada. Philipe também tinha conseguido se recuperar, Fernando e o Edd pareciam intactos, um condicionamento invejável. Percorremos mais uns quilômetros e encontramos um riozinho de água cristalina e corrente, praticamente no entardecer e, era tão lindo e estava tão boa que por vezes insisti para tomarmos banho e quase desejei montar o acampamento ali mesmo, pena não termos conseguido registrar, nessa altura nenhum dos celulares tinham bateria. O tempo estava fechando, parecia que ia chover em questão de minutos. Apressamos o passo. Não tinha mais sol e não havia mais tantas subidas, evoluímos relativamente bem. Foram aparecendo sinais de civilização não civilizada, pois havia muito lixo jogado às margens – o único trecho destoante a tanta beleza. Pouco tempo depois vimos uma casinha onde os meninos juravam “avistar” uma mesa de sinuca – nessa hora acho que já estavam delirando, ora não existia. Mas a poucos metros, lá estava o bendito bar e a mesa de sinuca que existia de verdade!
Os meninos decidiram tomar uma cerveja pra relaxar e Nando e eu ficamos no refrigerante mesmo. Cumprimentamos todos do bar e, logo os meninos estavam enturmados, já eu, estava cansada demais, fiquei na minha. Fernando como bom diplomata, fez amizade com o pessoal e em questão de pouco tempo, mudou nosso itinerário, para muito melhor! Fernando recebeu, em nome da equipe, um convite para pernoitar e descansar na casa do Sérgio, junto com sua esposa e seus primos e, após pedir nossa opinião, um pouco desconfiados, aceitamos.
Sérgio, um homem simples e humilde, sensível a causas relacionadas à melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente, percebendo nossa bandeira se identificou com a equipe e, tamanha sua generosidade, resolveu nos acolher para podermos continuar – de forma digna, diga-se de passagem, nossa jornada. No bar, Sérgio estava acompanhado de Richard, seu primo, cujo nome verdadeiro é Riese.
Entramos no carro, ao som das melhores modas de viola, e voltamos um trecho que já havíamos percorrido horas antes a pé, nesse momento um mix de sensações me invadiram, senti inclusive uma indignação comigo mesma por ter permitido que o cansaço e o desgaste (físico e emocional) me tirasse a sensibilidade de admirar toda aquela paisagem maravilhosa que estava nos acompanhado há bastante tempo. Foi nesse momento que pedi ao Nando que nunca mais permitisse que diante das dificuldades deixasse com que eu me bloqueasse a ponto de não admirar e sentir todas as coisas em minha volta. O caminho para a fazenda já nos mostrava o que estava por vir – um pedaço do paraíso! Ao chegarmos, tivemos a certeza que o paraíso se escondia ali! Uma campina incrivelmente verde, com alguns cavalos, umas serras ao fundo, uma capelinha amarela contrastando e um pôr do sol espetacular! O céu estava brincando nos tons mais claros de uma aquarela, o sol parecia não querer se despedir e seu espetáculo durou alguns belos minutos.
Ao passarmos na ultima porteira, fomos recebidos por um lindo cachorro São Bernardo, o Braquiara, eufórico, pulou na minha janela e tivemos nosso primeiro contato. Tenho um amor por cachorros e com o Braquiara não foi diferente. Descemos do carro e fomos em direção a casa onde a Mara, esposa do Sérgio, e a Isis, esposa do Richard estavam. Primeiro veio a Mara, toda desconfiada e receosa, assim como nós ficamos no começo, em seguida veio a Isis, mas em questão de pouco tempo foram se permitindo nos conhecer. Nos apresentamos, falamos do TM, e do nosso trekking… Quando percebi já havíamos falado de religião e estávamos indo para a cozinha fazer companhia ao Sérgio enquanto ele nos preparava um macarrão vegetariano. Fomos tão bem recebidos que nesse pouco tempo nos sentíamos em casa, fui parar no fogão como auxiliar do Sérgio e Nando também foi nos ajudar e terminou ficando responsável por cuidar do macarrão.
Enquanto o macarrão ficava pronto, Sérgio começou a montar uma mega estrutura para show (sim, foi uma super produção, com direito a projeção e tudo mais). Jantamos ao som do Rock, das bandas preferidas da Mara e do Sertanejo Raiz, das preferidas do Sérgio.
Foi um momento muito especial, parecíamos fazer parte daquela rotina, daquela família.
Fui buscar um copo de água e encontrei com a Mara dentro da cozinha, começamos a conversar e me identifiquei demais com aquela mulher incrível que estava na minha frente. Tudo aconteceu muito naturalmente, foram mais de quatro horas de conversa intensa, e realmente pude ter uma ideia de quem é realmente a Mara. Uma mulher espiritualizada, com uma luz que há muito tempo não via, cheia de garra, com um coração que não cabe no peito -mesmo que tente se apresentar como durona por fora. Com um projeto, que mesmo que ela discorde, lindo! (consigo imaginar a expressão dela ao ler essa frase, haha) Um exemplo de compaixão, dedicação e força. Sai daquela conversa extremamente encantada e com um sentimento de como se realmente já nos conhecêssemos há anos. Como uma passagem que eu gosto demais:
“Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra.
Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.
Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.” (AD)
E como o “lema” de um dos meus livros preferidos – O Pequeno Príncipe, sem sombra dúvidas, fui cativada! E os meninos, acredito que, também foram!
Quando fomos deitar, já estava bem tarde e os meninos já haviam adormecidos a algum tempo. Dormi como criança em uma cama e confesso que meu corpo já estava precisando de um pouco de ‘conforto’.
No dia seguinte, saímos todos juntos. Sérgio e Mara voltaram para Goiânia, Richard e Isis nos deram carona até Cocalzinho- Go. Economizamos algo em torno de 25 km, foi um belo presente e, ainda tivemos o prazer da companhia deles no almoço. Um casal muito simpático e atencioso! Nos despedimos deles no restaurante, eles iam para Goiânia também e nós, continuaríamos nossa caminhada até a Cachoeira dos Dragões.
Em questão de alguns quilômetros resolvemos mudar o itinerário, como os celulares ainda não tinham baterias e não conhecíamos a região da cachoeira, corríamos o risco de ficarmos perdidos no meio do nada e preferimos não arriscar. Decidimos que iríamos para Pirenópolis, passando por dentro do Parque dos Pirineus, onde poderíamos pegar água e reencontrar um velho amigo.
Passamos na sede do parque, o Iane – nosso amigo e guarda do parque, estava lá como esperado. Aproveitamos para conversar e descansar um pouco, abastecemos nossos recipientes de água limpa e gelada, comemos e resolvemos encontrar uma nova cachoeira para passar a noite. Enquanto fui ao banheiro, os meninos recebiam as instruções do Iane de como chegar a Cachoeira dos Buritis – salvo engano, acredito que o nome é esse, que ficava logo após o parque. Eu tentei pegar as informações, mas nessa hora os meninos começaram a implicar com minha feminilidade e sofri um pouco enquanto caminhávamos, desisti e seguimos os instintos alfas da equipe. Com as mochilas cheias de água, elas retornaram ao peso inicial e a caminhada ficou difícil novamente. Philipe começou a sentir dores nos tendões e joelhos, e para conseguirmos continuar e chegar cedo ao local em que iríamos dormir, passou a mochila -super pesada!- para os meninos dividirem. Edd carregou a mochila do Philipe e Fernando carregou a dele e a do Edd. Eu já tinha peso mais que suficiente nas minhas costas, fiquei só com o apoio moral. Depois de sairmos do parque, de andarmos muitas horas e encontrar uma placa que não deveríamos achar, percebemos que havíamos passado (e muito!) do acesso à cachoeira. E dessa forma, mudamos novamente o itinerário. Combinamos que andaríamos até onde o nosso corpo permitisse, o meu já havia voltado a apresentar sinais de cansaço e meu ombro, com a dor conhecida que remetia a sensação de que meus ombros iam descolar do corpo e cair. Estava anoitecendo e, para conseguirmos continuar nosso percurso, o sol resolveu nos agraciar com um pôr do sol ainda mais espetacular que dos outros dias! Estávamos subindo uma serra enorme, o sol parecia estar a poucos quilômetros. Brincando novamente com sua aquarela, dessa vez, com cores mais fortes e vivas, foi o incentivo que precisávamos! Ficamos boquiabertos, admirando tamanha beleza! Chegamos ao mirante de Pirenópolis antes de anoitecer, e de lá foi ainda mais incrível receber a noite. Ainda hoje, chega a ser indescritível tudo que senti vendo aquele fim de tarde!
Tínhamos a pretensão de dormir próximo ao mirante, mas como era época de carnaval ficamos receosos em relação à segurança e para minha tristeza, íamos ter que procurar outro lugar. A fome já batia na porta e começamos a imaginar quão bom seria comer uma pizza bem gostosa e tomar um refrigerante bem gelado. Sempre amei essas gorduras e sempre me enchem a boca. Então seguimos viagem rumo à tão sonhada pizza. Ainda faltavam aproximadamente 15 belos e intermináveis quilômetros. Por não ter iluminação, o céu estava repleto de estrelas mesmo estando parcialmente nublado.
No meio do caminho, encontramos uma figura que parou o carro para tirar foto conosco. Conversamos um pouco a luz de lanternas e do farol do carro, mas em menos de cinco minutos já tínhamos voltado a caminhar.
Meu corpo já estava completamente exausto, não tinha força para continuar e se dependesse no meu psicológico, já teria deitado no meio do mato –isso só não ocorreu porque o Nando viu no meio do mato o olhar de algum animal e preferi não arriscar, porque sou muito corajosa. A única coisa que me fez não parar foi ter a certeza de que se parássemos, não conseguiria dar nem mais um passo, e para confortar minha alma, obriguei os meninos a confessarem que estavam cansados também. E eles realmente estavam! Philipe estava machucado, então estava no limite dele, assim como eu. Mas quando ouvi que Fernando e Edd estavam cansados (muito cansados, por sinal) meu coração se alegrou e consegui resistir bravamente até chegar a Pirenópolis. Entramos na cidade e se não fosse o preço, teríamos parado na primeira pousada. Olhamos mais umas duas, até que eu realmente ultrapassei o meu milésimo suposto limite, na frente da Pousada das Serras. Descobrimos que o preço lá estava em conta e por não conseguirmos caminhar mais cem metros, resolvemos parar.
Para nossa surpresa, fomos muito bem recebidos, apesar de termos que subir um lance de escadas, e para melhorar o cenário, ao ladinho tinha uma pizzaria!! PIZZA! Nessa noite, a felicidade tinha trocado de nome!
Fizemos nosso pedido e brindamos com uma cerveja bem gelada o fim da tortura de ter que continuar andando quando a exaustão já tomava conta até do psicológico. O atendimento da pizzaria também foi muito bom, em questão de minutos a pizza estava na nossa frente. E estava maravilhosa, sensacional e espetacular. Parecia que havia anos que não comíamos! Devoramos as duas pizzas iniciais e pedimos mais uma! A cerveja começou a fazer efeito e relaxar os nossos corpos. Eu já estava adormecendo enquanto o Edd ainda estava pensando em pedir uma pizza de saideira, hahaha. Fomos deitar quase uma hora da manhã. Apaguei assim que encostei na cama. Foi o sono dos justos, muito mais que merecido!
Acordamos logo cedo embalados pelo delicioso cheiro de pão quente saindo do forno! Como já era quarta-feira de cinzas e Philipe tinha que trabalhar após o almoço, levantamos nos preparando para o retorno à Brasília. O Marcos, funcionário da pousada e idealizador do projeto Arte com latas que nos atendeu e convidou para conhecermos o seu trabalho de reciclagem antes de irmos atrás da padaria que exalava seu cheiro, quase que nos enfeitiçando. Ele nos mostrou possibilidades fantásticas de utilizar o lixo que as pessoas jogam na rua, inclusive nos mostrou uma cortina feita somente com anéis de latas recolhidas do chão! É uma quantidade quase que inacreditável de lixo que ele recolheu. Ouvimos algumas histórias, ele nos mostrou também o trabalho que faz com prendedores de roupa de madeira, que particularmente achei incrível! Que vale muito a pena ser compartilhado!
Quando a fome começou apertar de verdade, resolvemos ir atrás da bendita padaria, que para nossa surpresa, a padaria conseguiu ser ainda mais perto que a pizzaria! Ficava exatamente embaixo da pousada! Não precisamos dar mais que 5 passos! Lanchamos e em pouco tempo estávamos com o pé na estrada outra vez, precisávamos chegar até a rodoviária para pegar o ônibus. A caminhada durou alguns muitos minutos, o sol estava bem forte e precisamos de um picolé para refrescar enquanto subíamos ruas que já pareciam intermináveis. Após comprarmos nossa passagem, sentamos no banquinho da Rodoviária e o Edd logo encontrou um amigo!
Em pouco tempo o ônibus chegou e embarcamos. Enquanto estávamos voltando, relembramos todos os momentos vividos de forma tão intensa nos últimos dias. Aprendemos tantas coisas, exercitamos sentimentos engrandecedores e acima de tudo, nos conhecemos ainda mais. Passamos por situações em que exigiram muita humildade, companheirismo e acima de tudo respeito, tanto com o próximo quanto com a natureza e principalmente com o nosso próprio-eu, precisamos conhecer e aceitar os próprios limites!
Enfim, foi tudo como deveria ter sido! Encerramos com a vontade de não parar nunca e conseguir viver todas as infinitas aventuras que estão por vir! Conseguir compartilhar com vocês sempre todas as nossas experiências, lições aprendidas e impressões, tornará tudo ainda mais significativo e importante!
Que possamos servir de inspiração para muitas pessoas e que possamos despertar o melhor em cada um. Que possamos mostrar o quão importante é o cuidado com a natureza e consigo mesmo. E claro, que possamos deixar vocês com vontade de VIVER verdadeiramente e se arriscar nessa busca constante do novo!
Diante de tudo descrito, nada me resta senão deixar a palavra que resume o que vivi: GRATIDÃO!
Por: Lorenna Bourguignon
Por fazer parte da equipe e ter cometido o erro de confundir as datas, me sinto na obrigação de parabenizar a todos por terem desbravado o desconhecido e vencer as adversidades.
Ao ler o me senti parte presente dessa aventura, parabéns Lorena, adorei sua narrativa.
Wel,
Gratidão, fico feliz que tenha gostado!