O telefone toca, são 5h40, hora de levantar para mais um dia de aventuras. Dessa vez iríamos para a I Etapa da Copa Centro Oeste de Corridas de Montanha em Alto Paraíso – GO, eu, Lorenna e Douglas para correr, acompanhados por nossos amigos Rildo e Kamylla.
Marcamos de nos encontrar na Asa Norte às 7h. Chegamos e encontramos o Rildo em baixo do prédio, e para não atrasarmos, decidimos ir na panificadora. No caminho, passamos por duas crianças com um carrinho para coleta de latinhas e garrafas pet. A Lorenna ouviu quando um deles comentou com o outro que queria coletar bem para poder comprar um sanduíche, e na mesma hora ela comentou comigo. Deu um aperto no coração ao saber daquilo que não resisti e tive que voltar para procurá-los. Os encontrei na frente da panificadora, aproveitei e paguei um lanche para eles, que ficaram meio sem entender, mas para mim não importava, estava tranquilo e na certeza que tinha feito a coisa certa.
Voltamos aos carros e estávamos todos prontos para seguir viagem. Quase 3h depois chegamos em Alto Paraíso. Como a largada seria somente às 14h, decidimos ir no Vale da Lua, já que somente eu conhecia. Depois de pouco mais que 30km chegamos. Fizemos a identificação e descemos a trilha, que por sinal é muito tranquila, acompanhados por um sol lindo.
Tínhamos pouco mais de uma hora para apreciar o local e voltar, pois ainda precisávamos almoçar e preparar os equipamentos para a corrida. No ponto que paramos, conversamos com o Sr. Mazinho, uma das pessoas responsáveis pela segurança dos visitantes, e após algum tempo de conversa ele nos indicou um local incrível para ficarmos, que mais parecia uma hidromassagem natural. Ficamos por ali alguns minutos, com a sensação de não ter mais nada ao redor, no nosso mundo naquele momento.
Brincamos dizendo que aquilo seria perfeito para depois da corrida, rs, o que obviamente já sabíamos que mesmo que quiséssemos não daria tempo.
Voltamos aos carros, com o tempo exíguo e seguimos para o centro de Alto Paraíso.
Entramos num restaurante que não tinha comida e terminamos tendo que ir para o restaurante da frente. Às 13h30m ainda não tínhamos trocado de roupa, rs. Ficamos apreensivos, mas seguimos como se tudo estivesse sob o maior controle, o que naquele momento era uma inverdade. Nos trocamos rapidamente e ainda não tínhamos encontrado água gelada para comprar, o que era crucial, pois na prova não haveria pontos de hidratação.
Se já estávamos apreensivos, imagina sem água. Enquanto o Douglas e a Lorenna terminavam de se organizar, eu corri numa loja bem na frente de onde estávamos e, para minha felicidade tinham exatas 3 garrafas d’água, a conta certa que precisávamos.
Agora sim, apesar da correria, da tensão e da ansiedade estávamos prontos para a nossa tão esperada corrida. Às 14 em ponto tivemos a largada. No início até pensamos em ir juntos, e fomos assim até o segundo quilômetro. Depois disso cada um seguiu seu ritmo e só iríamos nos encontrar novamente na linha de chegada.
Era um dia em que meu corpo e minha mente estavam preparados para aquela corrida. A paisagem logo de início já indicava o que estava por vir, na altura do 4º km passamos por um mar de rosas do cerrado que mais pareciam um bosque coberto por buquês de flores.
Ao final desse bosque tinha um morro com uma subida de colina que foi de tirar o fôlego, literalmente, por várias vezes pensei em parar para descansar, de tão complicada e exaustiva que estava.
Na altura do 6º km quando já não havia praticamente nenhum atleta em vista, acabei caindo e batendo o joelho numa pedra. Levantei imediatamente achando que nada demais poderia ter acontecido. Ao olhar para o joelho vi muito sangue e por um instante pensei que aquele era o final da corrida para mim. Aproveitei a minha água para lavar o machucado e analisar melhor o que de fato tinha acontecido. Reparei ainda que havia perdido um tampão de um dos dedos da mão. Passados uns 5 minutos, sabendo que ali um resgate seria complicado, decidi seguir caminhando para ver como o joelho iria reagir e, para minha felicidade, aparentemente nada de mais grave havia acontecido.
Caminhei por uns 15 minutos até criar coragem e tentar voltar a correr novamente, ainda me faltavam aproximadamente 16 km até a linha de chegada. Sempre que o joelho queria fazer com que eu desistisse, eu terminava buscando elementos que me motivassem a seguir adiante.
Engraçado como algumas coisas, aparentemente simples, pode mudar todo um planejamento. Naqueles momentos pensava no quão é importante estar atento e preparado para qualquer situação. A cada 5 km pensava comigo mesmo: “está chegando” e aproveitava para apreciar as paisagens que eram belíssimas. Na altura do 18º km o joelho já estava com uma dor insuportável, mas estava quase lá, então, decidi seguir adiante, mesmo correndo praticamente sem poder dobrá-lo.
Cruzando a linha de chegada, após 23 km, lá estavam todos a minha espera.
A sensação da chegada é inexplicável e, por mais que eu não deva nada para ninguém, precisava completar por mim e por eles. Cumprimentamos-nos, pegamos nossas medalhas, pois mesmo tendo chegado antes, fizeram questão de me esperar. Hidratamos-nos, comemos algumas frutas e para fechar com chave de ouro, ainda tivemos a felicidade de ter o Douglas e a Lorenna subindo ao pódio para receber os troféus de primeiros colocados em suas respectivas categorias.
Retornamos a casa com a sensação de missão cumprida e prontos para a próxima aventura.
Vale lembrar que estamos na iminência de lançar ações do Trilhas pelo Mundo com o objetivo de fazer com que mais pessoas possam participar de imersões com a nossa equipe, seja de Trekking, Corridas de Montanha, Cavernas ou quaisquer outras iniciativas imersas à natureza.
Em breve divulgaremos maiores detalhes.
Um abraço e sigamos rumo ao desconhecido.
Por Fernando Alves
Sinto-me imensamente feliz em fazer parte dessa equipe, simplesmente por usarmos as nossas fraquezas ao nosso favor. Superação é o nosso lema, seguir sempre em frente e nunca deixar alguém pra trás.
Somos forte, e juntos nos tornamos invencíveis.
Parabéns Família TM