Aprendemos a usar a corrida como desculpa para conhecer lugares maravilhosos, tanto dentro quanto fora de nós mesmos… Essas experiências têm sido incríveis e, dessa forma aconteceu a nossa viagem para Terra Ronca, onde aconteceu a 2º Etapa da Copa Centro Oeste de Corridas de Montanha.
Passei a semana tentando buscar informações sobre São Domingos, local designado para nossa largada de sábado. Foi difícil juntar as informações, tanto que precisei ligar para muitas pessoas a fim de obter e consolidar as informações que precisávamos. Dessa forma, deixaremos ao final do relato, uma caixa box com algumas informações importantes e que podem auxiliar futuros visitantes. Vale muito a pena conhecer o lugar!
O Parque Estadual de Terra Ronca é um dos maiores complexos de cavernas da América Latina, se localiza a 440km de Brasília, nos municípios de São Domingos e Guarani de Goiás, região nordeste do Estado de Goiás. Com uma área de aproximadamente, 57.000 hectares, com imensas e maravilhosas cavernas, algumas atravessadas por rios.
Saímos de Brasília às 05:15 horas, e pretendíamos chegar ao Camping do Ramiro por volta das 10h, que fica a uns 13km antes do Povoado de São João – já dentro do Parque, onde encontraríamos um guia e exploraríamos alguma caverna. Porém, para dar mais emoção ao passeio, quando fomos passar em um riacho, cuja ponte está caída, quase não conseguimos atravessar. Logo depois já começamos a ouvir um barulho estranho no carro em, quando paramos para olhar, estávamos com os dois pneus do lado esquerdo furados! Nessa hora foi que comecei a perceber o quão quente estava naquela região! O último vilarejo visto estava a 6 km depois do riacho e não tínhamos sinal de telefone (esse fator já era conhecido, inclusive).
O Fernando e o Edd já estavam se preparando psicologicamente para levar os pneus nos braços até o vilarejo para tentarem a sorte, quando avistamos dois homens tocando uma boiada. O Edd foi até eles para pedirem informações e eles se ofereceram para nos auxiliar, mas antes eles terminariam o que já estavam fazendo. Ficamos esperando enquanto já se aproximava do meio dia e o sol ficava ainda mais forte. Já não estávamos conversando muito para poupar energia, quando de repente o James (um dos homens) apareceu no carro junto com sua esposa Mônica e seu filho Bernardo, que por sinal é uma fofura! Colocaram os pneus no carro e o Edd seguiu com eles enquanto a Paty, o Fernando e eu fomos para a fazenda dos pais da Mônica esperar até eles voltarem.
Chegamos na fazenda um pouco deslocados, se não fosse tanto calor e tanta insistência, provavelmente teríamos ficado debaixo do sol quente, mas o destino quis nos apresentar ao Seu Adão e à Dona Creusa e olha, nem foi tão ruim ter dois pneus furados frustando todo o planejamento. Em pouco tempo na presença deles já nos mostraram uma bica d’água, onde a Paty e eu fomos nos refrescar. Depois voltamos e ficamos conversando como se já fossemos velhos conhecidos. Seu Adão e Dona Creusa nos contaram bastante coisas sobre a região, as principais cavernas, mesmo nunca tendo entrado em uma, sobre as cachoeiras, as plantações… Tentaram nos agradar de todos os jeitos, nos deram água de coco retirada do coqueiro no quintal, doce de leite caseiro e muito cafezinho pra Paty e algumas frutas colhidas na hora. Ah, como foi uma tarde proveitosa!
O Edd e o pessoal chegaram por volta das 17:30, já estava quase escurecendo. Não demoramos muito e voltamos para a estrada, não sabíamos como seria o caminho até chegar no nosso Hotel em São Domingos. Pegamos um anoitecer maravilhoso na entrada da caverna de Terra Ronca I, tanto que paramos para apreciá-lo por alguns instantes.
Entramos na cidade e não sabíamos onde era exatamente o hotel, mas como estávamos na rua principal seguimos até o centro. Paramos na pracinha e nos informamos aonde ficava o Hotel Araújo e até que horas funcionava a pizzaria da esquina, estávamos famintos. Terminamos de descer a rua principal e logo vimos um quiosque e, atrás dele, o nosso hotel.
Fizemos o nosso check-in com a Dona Lô, uma senhora simpática com quem já havia falado por telefone. Olhamos os quartos e já fomos na pizzaria jantar.Tinha uma pizza maravilhosa cuja massa é bem fininha e o recheio no ponto! Aparentemente era um dos points da cidade. Depois de devidamente alimentados, voltamos ao Hotel, onde descarregamos as malas e nos preparamos para dormir, o dia havia sido longo e nossos corpos estavam cansados demais.
Na manhã seguinte foi que observamos o hotel, que está mais para uma pousada de tão acolhedor, hahaha. A vista do Hotel é lindíssima! A prainha com a água bem azul e muito verde envolta pode ser vista de quase todo o hotel. Principalmente do salão do café da manhã, que dá até mais apetite para as refeições. Depois de nos alimentarmos, fomos em busca da borracharia para tentarmos arrumar os pneus e não termos mais nenhum imprevisto no caminho, já que no povoado só conseguimos arrumar de forma paliativa, colocando uma câmara de ar em cada pneu.
Encontramos a borracharia do Lucim, que é a única que encontramos que fazia vulcanização, fomos bem atendidos pelo Paulo, filho do dono. A borracharia fica bem em frente ao CAT (Centro de Atendimento ao Turista), mas que, infelizmente, está abandonado a bastante tempo, já que é possível ver os sinais de vandalismo e abandono. Assim que saímos, fomos direto para a praia, e quando chegamos lá, descobrimos que a largada da nossa prova seria exatamente naquele local. Andamos pela “orla”, tiramos muitas fotos, apreciamos a beleza e a energia daquele lugar e fomos pegar nossos kits da corrida. A princípio a Paty tinha ido somente para nos acompanhar, mas em algum momento ela decidiu correr 6km, mas na hora de fazer a inscrição dela, a convenci de correr comigo os 13km.
Voltamos ao Hotel para prepararmos nosso almoço no quarto, já que estamos sempre preparados para comer em qualquer lugar. Fizemos um super macarrão e fomos descansar e nos preparar para a corrida, que teria a largada às 14h. Marcamos de nos encontrar no saguão às 13:30, mas até desenrolar tudo e terminar de organizar as coisas, atrasamos um quinze minutos para sair.
Chegamos na praia, nos alongamos e vimos pouquíssimas pessoas para a prova. Já estava quase no horário de largar, e foi então que o Fábio – organizador da prova, começou a explicar sobre os percursos. Então depois de tanto enfeitar o caminho mais longo, convenceu a mim e outro rapaz a mudar de 13 para 21km e a Paty terminou (a contra gosto, diga-se de passagem) me acompanhando, então os demais percursos foram abolidos. Faltando 5 minutos para largarmos, chegou um grupo de Brasília que estava perdido no Parque e por esse motivo, atrasamos a largada em meia hora. O pessoal atrasado não teve tempo para se alimentar adequadamente e com o tempo curto para conseguirem se organizar.
No novo horário marcado, enfim, largamos. Fernando e Edd saíram na ponta, a Paty e eu começamos bem também, mas em menos de um km a Paty sentiu uma fisgada na perna. Eu já sabia que ela não praticava esportes há um tempo, mas confesso que não imaginava que ela estava sedentária e acredito que nem ela mesma, hahaha. Foi uma prova bem diferente para mim, estava acostumada a tentar esticar meu ritmo para não atrapalhar tanto o ritmo do Fernando, às vezes precisando de muita compressão e estímulo para continuar e, dessa vez, foi o inverso, precisei ser metade do que sempre recebo nas corridas em dupla. Foi uma experiência única!
Fizemos a prova toda caminhando no ritmo dela e parecia que a cada passo e a cada dor, era uma luta que ela mesma travava dentro de si. Depois que o sol começou a ficar mais ameno e mais perto de chegar, comecei a tagarelar sem parar, já que meu corpo começou a doer e parecia que cada passo não me tirava do lugar. A Paty o tempo todo, praticamente calada, tirando forças do além para não desistir. Cruzamos a linha de chegada e já estava escuro, era quase 18h. Os meninos estavam lá, prontos para nos receber, com o sorriso maior que o meu e o dela de concluir a prova. Pegamos as medalhas e nossos troféus, ficamos em 1º em nossas categorias. O Edd e o Fernando ficaram em 1º e 2º lugar, respectivamente. Eles mandaram muito bem, correram o tempo todo em parceria, cada um motivando o outro. Um belo trabalho em equipe que resultou no melhor deles.
Confesso que adoraria tê-los visto cruzando a linha de chegada ou subindo no pódio. Mas haverão outras oportunidades! Fomos para o hotel pouco depois de comemorar a conclusão da prova e de cantar parabéns para o Tarcísio, staff da corrida e guia do dia seguinte. Para variar, estávamos com muita fome e jantamos no quiosque que fica bem em frente ao Hotel, a comida estava muito boa e o preço é justo.
No domingo, marcamos de conhecer duas cavernas e uma cachoeira com algumas pessoas da corrida, então estávamos no saguão esperando o Tarcísio chegar para nos guiar na aventura do dia. Ele chegou e fomos junto com ele buscar os demais integrantes da nossa aventura. Após um longo trecho de estrada de terra, paramos próximo da Caverna Angélica, bem pertinho de um paredão imponente. A trilha até a entrada dessa caverna tem um rio que corre paralelo e depois se perde dentro dos mais de 14 km de extensão que ela possui. Para fazer a travessia completa é preciso de dois dias de exploração, sendo necessário dormir dentro dela – o que com certeza voltaremos para fazer na primeira oportunidade.
Por falta de tempo, seguimos o roteiro que geralmente todos os visitantes fazem, conhecemos cerca de 2 km só, mas foi suficiente para nos deixar maravilhados com tanta perfeição.
Entramos no salão da Santa Angélica, uma imagem esculpida em pedra pela água do rio, de forma tão majestosa que impressiona! Paramos em um salão para “meditarmos” uns 3 minutinhos e seguimos ao salão das cortinas e finalizamos no salão dos espelhos. Este último salão foi o que mais mexeu com os presentes, a energia que emana da água e das imagens refletidas é inexplicável.
Saímos da Angélica e pretendíamos ir direto para a Caverna Terra Ronca I, mas pela estrada não está tão boa e o carro do Fábio – organizador das Corridas de Montanha, ser baixo, o escapamento soltou e precisamos parar algumas vezes para tentar colocar no lugar. Com isso, perdemos um pouco de tempo, o que alterou a ordem dos planos, antes de fazer a Caverna, decidimos parar para almoçar na Pousada e Restaurante Alto da Lapa. Os donos do local são uma graça, muitíssimos simpáticos e acolhedores. A comida de lá tem quase gosto de comida de vó. Sem falar na presença ilustre de uma linda arara azul que fica solta no restaurante! A pousada é bem perto da Caverna Terra Ronca I, não dá nem 800 metros de distância, o que é um super privilégio, já que lá é praticamente o berço do PETeR.
Ao chegarmos na frente da Caverna, nos deparamos com uma abertura de mais de 90 metros de altura e de 120 de largura, ou seja, é uma entrada grandiosa! Tem uma trilha curtinha, a travessia de uma ponte e paramos logo em frente ao altar, onde é realizada a Festa do Bom Jesus da Lapa, no dia 6 de Agosto. Por conta do horário, também não conseguimos fazer a travessia completa, fomos até o trecho em que não precisávamos molhar os sapatos, já que estávamos em grupo terminamos conciliando o que todos os integrantes queriam fazer, e pelo calor, a Cachoeira da Palmeira era um bom lugar para encerrar as atividades e fazer a despedida do Parque.
Voltamos a estrada de terra e seguimos para a Cachoeira. Pareceu ser bem distante das cavernas, mas valeu muito a pena ir conhecer. Chegamos e já passava das 16h, o sol já não estava tão forte, mas ainda assim, não resistimos e entramos todos na água. Esse momento na cachoeira terminou unindo o grupo, foi quando realmente conseguimos conhecer e conversar com as pessoas que estavam conosco desde o começo do dia, mas por conta das atividades, não havia sido possível trocar mais de meias palavras. Quando o sol começou a se esconder atrás do morro, as meninas nos levaram para ficarmos atrás da queda da cachoeira e a sensação foi maravilhosa! Como já estava escurecendo e ficando mais fresquinho, não demoramos mais para irmos embora.
O caminho para a “casa” estava ainda mais longe, os corpos cansados começaram a se incomodar mais com a estrada cheia de desnível. Os quilômetros se arrastavam e quando finalmente chegamos no asfalto foi um alívio! Encerramos a noite no quiosque em frente ao hotel, junto com nossos novos amigos, lanchamos, conversamos muito e fizemos planos de nos encontrarmos em breve! Espero que realmente se concretize, já que fomos muito bem recebidos. Na verdade, de forma quase mágica, a maior parte das pessoas que cruzam o caminho do Trilhas pelo Mundo sempre nos acolhem e nos proporcionam combustível para que não tenhamos vontade de parar nunca.
Por: Lorenna Bourguignon
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